quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Capítulo 7: O passado deve permanecer.


H: Fica junto de mim.- Harry me puxou para seu lado enquanto caminhávamos pelo beco. Os braços de Harry envolviam minha cintura enquanto eu caminhava ao seu lado, sua mão pressionando sua cintura a minha.  

As pessoas observa-nos enquanto passávamos. O cheiro daquele lugar era horrível, as pessoas eram magras e sujas. Observando aquele lugar bateu um medo de como eu havia parado aqui quando pequena. Quando entramos dentro do lugar, fiquei surpresa. Estava caindo em pedaços. Me soltei de Harry e andei até a senhora que estava parada na recepção, deixando ele para trás. A senhora era velha e parecia cansada.

V: Com licença.- murmurei angustiada.

S: Pois não?

V: Eu queria algumas informações.

S: Pode falar, querida.

V: Eu... eu fui adotada aqui e eu queria saber por favor se a senhora alguma informação sobre meus pais- minha voz saiu entrecortada, falhada. 

S: Eu consigo tudo que tiver se saber o dia que chegou aqui.

V: 12/08/92

S: Um minuto por favor.

Ela se abaixou, tirando vários papeis de lá. Quando finalmente levantou tinha uma pasta fina na mão.

S: Somente um criança chegou nesse dia. Uma menina. Veio enrolada num cobertor, tudo que tinha era um pequeno colar.

V: Como esse?- puxei meu colar de dentro da blusa. A senhora se aproximou mais e olhou atentamente. 

S: Exatamente como esse.- ela sorriu

V: Você sabe alguma sobre quem me deixou aqui?

S: Na verdade, isso é raro, mas eu sei.

V: Por favor- engoli as lágrimas.

S: Vamos conversar ali dentro.- ela saiu de trás do balcão e me guiou até uma sala. Assenti a cabeça para Harry, para mostrar que estava tudo bem. 

Sentei nervosa, angustiada, esperando qualquer noticia. Ela fechou a porta e se sentou na minha frente. 

S: Nunca vou me esquecer o dia que chegou aqui, querida. Era tão frágil, não tinha nem 2 meses de vida. Sua mãe estava aqui, ela estava triste, cansada. Ela estava machucada. Era um dia chuvoso e ela bateu na porta. Eu a deixei entrar, mas ela não poderia ficar, estava com você nos braços. Tudo que ela me disse antes de ir embora foi que estava fugindo. Ela e seu pai deviam muito e você era a o preço pela divida. Antes de ir embora ela deixou o colar, te deu um beijo e saiu. Depois disso fiquei sabendo que ela foi morta e seu pai estava preso. Eu recebi uma carta, eles sabiam que estavam aqui. Então eu mandei minha filha com você para o Brasil, nunca a achariam lá.- ela disse enquanto muitas lagrimas caiam por meu rosto.

V: Meu pai... ele...ainda está preso?- disse soluçando por causa do choro.

S: Eu realmente não sei. Mas eu o visitei, tinha que avisá-lo que você ficaria bem.

V: Ainda tem o endereço da prisão?

S: Sim, mas você não deveria ir, é muito perigoso. 

V: Eu preciso saber.- implorei

Ela muito relutante levantou e foi até um canto da sala, tirou um papel de dentro de um armário e me entregou.

S: Sinto muito que tudo isso tenha acontecido com você, mas... Você não deveria fazer isso. Seus mãe morreu para te proteger, por que se arriscar agora? Eles podem descobrir que voltou e ir atrás de você.

V: Eu não me importo.- gaguejei- Eu preciso conhecer meu pai. Me desculpe.

Me levantei, pegando minha bolsa. Dei um breve abraço na senhora e agradeci. Limpei as lágrimas para Harry não perceber que eu estava chorando. Quando saí da salinha Harry estava brincando com uma menina. Vendo aquela cena sorri, ele era tão lindo. A menininha ria das palhaçadas de Harry. A menininha quando viu a senhora saiu correndo para o seu lado. Sorri para ela.

M: Tia, quando a Re vai vim?

S: Hoje não.

M: Então quem vai contar as histórias?

S: Eu já vou, querida.- ela alisou o rosto da menina que saiu correndo feliz da vida. 

Me despedi da senhora e agradeci mais uma vez. No caminho de volta para o carro eu tentava ao máximo não chorar e imaginar onde estaria meu pai. Eu olhava para o chão e engolia o choro. Minha vida sempre foi assim. Levei a mão a peito apertando o colar com força, era a unica coisa que tinha da minha mãe. 

(...)

H: Quer que eu entre com você?- ele perguntou na porta de casa. O caminho no carro foi todo em silencio.

V: Acho que eu prefiro ficar sozinha.

H: Tudo bem, pode me ligar, pra qualquer coisa.

V: Obrigado, Hazza.- abracei ele com força.
H: Conta sempre comigo. - ele disse

Dei um sorriso desanimado e entrei em casa.

A: Como foi lá?- Anne perguntou correndo até mim.

V: Cade as outras?- perguntei

A: Saíram.- ela respondeu.- Vem cá, você não tá bem.- ela me puxou para um abraço.

Eu tentei segurar e dizer que eu estava bem, mas eu não estava. Finalmente deixei as lágrimas saíram.





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